Diácono Jorge

PENTESCOSTES – A FESTA DA COLHEITA DO ESPÍRITO SANTO EM NÓS. 
A ORIGEM DA FESTA: Nas suas origens, o Pentecostes era uma festa agrícola judaica em que se ofereciam a Deus os melhores feixes da colheita. Era uma festa não só de alegria e de encontro das famílias, como também de partilha com os mais necessitados. Era celebrada sete semanas (cinquenta dias) depois da Páscoa, encerrando as solenidades pascais. Por isso, também se chamava Festa das Semanas. A partir das reformas de Esdras e Neemias, em meados do século V ac., a festa de Pentecostes passou a celebrar o Dom da Lei no Sinai, a festa da Aliança entre Deus e o povo. Na Primeira Aliança Deus prometeu enviar o seu Espírito sobre todo ser vivo: “Depois disso, acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões.” (Jl 3,1)
 Na nova aliança celebrada no sangue de Cristo, Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, o Espírito prometido é derramado sem medidas.  “Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 2,1-3) . A promessa de Jesus aos seus discípulos se realiza: "Mas recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (At 1,8),inclusive no Brasil, até no Irajá.
 No dia de Pentecostes em que se comemorava a doação da lei divina ao povo de Israel, o Espírito é derramado sobre a Igreja de Cristo reunida no Cenáculo. A nova Lei é a do amor pois o Espírito Santo é amor. O que significa isso para mim e você, amado (a) de Deus? O que rege as nossas relações com Deus agora não é o simples cumprimento de leis (compreendendo um sistema retributivo: cumprida serás abençoado, não cumprida serás amaldiçoado), mas um sistema onde o perdão e a misericórdia compreendem o centro do relacionamento entre Deus e o homem, onde o próprio Deus agora não está mais fora, e sim habita no interior do homem. “Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.” (Jo 14,23)
 Portanto, somos muito amados por Deus que nos dá seu amor sem medida, recebido no dia do Batismo para sempre. O pecado pode nos fazer resistir e não aceitar este amor incondicional do Pai, nos endurecendo o coração e O rejeitarmos. Amá-lo ou não é livre opção de cada um de nós. Neste tempo lindo de Páscoa que vivemos unidos pelo amor de Deus, peçamos agraça de nos tornár-mos novo homem e nova mulher para um mundo novo onde o amor, e não o ódio e a divisão  reine em todos os corações.
 
Feliz Páscoa. Feliz Pentecostes. Seu irmão Diácono Jorge.


“EVANGELIZADOR: O SENHOR TE CHAMA. TÁ NA HORA.”

A Igreja vive hoje um tempo de Missão. Foi decretado pelo Senhor Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura” (Marcos 16,15). O Encontro dos Bispos em Aparecida (maio/2007) nos envia a águas mais profundas. “Encontramo-nos diante do desafio de revitalizar nosso modo de ser católico e nossas opções pessoais pelo Senhor, para que a fé cristã se estabeleça mais profundamente no coração das pessoas e dos povos latino-americanos como acontecimento fundante e encontro vivificante com Cristo, manifestado como novidade de vida e de missão de todas as dimensões da existência pessoal e social. Isto requer, a partir de nossa identidade católica, uma evangelização muito mais missionária, em diálogo com todos os cristãos e a serviço de todos os homens.” (Nº13 Documento de Aparecida).

Irmãos e irmãs queridos, o Senhor Jesus nos tem dado o seu Espírito, não só para nossa revitalização, mas para que sejamos canais de graça para os demais. Por isso cada um de nós como batizado precisa se tornar discípulo, que se deixa formar pelo seu Senhor e sua Igreja e, depois, se torne missionário (a) da salvação dos outros (mais próximos ou mais distantes). Não podemos querer nada mais elevado que isso: salvar almas. Ao lutar pela salvação dos outros eu garanto a salvação da minha, pois, ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida (e dar a vida é dar o tempo) pelo outro.  Levar, pois, um testemunho de fé aos que estão longe do caminho de Cristo é um ato de caridade que faz a Igreja do Senhor crescer e o próprio céu rejubilar-se. (“há grande alegria no céu por um só pecador que se converte" diz Jesus).

O exemplo do beato Padre José de Anchieta deve nos animar: “... Pelo que, quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de índios como de portugueses, sem fazer caso das calmas, chuvas ou grandes enchentes de rios, e muitas vezes de noite por bosques mui escuros a socorremos aos enfermos, não sem grande trabalho, assim pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo, máxime sendo tantas estas povoações e tão longe umas das outras, que não somos bastantes a acudir tão várias necessidades como ocorrem, nem mesmo que fôramos muito mais, não poderíamos bastar. Ajunta-se a isto, que nós outros que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos e, fatigados de dores, desfalecemos no caminho, de maneira que apenas o podemos acabar... MAS NADA É ÁRDUO AOS QUE TEM POR FIM SOMENTE A HONRA DE DEUS E A SALVAÇÃO DAS ALMAS, PELAS QUAIS NÃO DUVIDARÃO DAR A VIDA.” (Carta do beato José de Anchieta, de 01/06/1560).

Amigos, não podemos nos ater às nossas pastorais ou somente às missas dominicais. O Senhor nos chama a sair de uma pastoral de conservação para uma paróquia missionária, usando de todos os meios para evangelizar. Assim, todos nós somos corresponsáveis (clero e leigos), a fim de que o Evangelho do Senhor Jesus, a Palavra Viva, possa chegar a todos os corações. Mas, primeiro, precisa encontrar acolhida no meu coração, através de uma conversão contínua e por uma árdua tarefa do encontro da santidade, na bondade e caridade.
“A Igreja não pode guardar para si mesma esta Palavra de Deus; anunciá-la ao mundo é a sua vocação. Este ano jubilar deve ser para Igreja no Benim uma ocasião privilegiada para dar novo vigor à sua consciência missionária. O zelo apostólico que deve animar todos os fiéis deriva diretamente do seu Batismo e, por conseguinte, não podem subtrair-se à responsabilidade de confessar a sua fé em Cristo e no seu Evangelho, por todo o lado onde se encontram e na sua vida diária” (Bento XVI aos Bispos da África-19.11.11).
Deus abençoe a todos com uma nova consciência missionária, com ardor e amor.

Seu irmão, Diácono Jorge Silva de Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário